De uma hora para a outra sua filha começa a trocar bonecas e ursinho de pelúcia por passeios no shopping com as amigas. Se antes ela mal conseguia andar sozinha, agora quer o salto alto emprestado.
Será que ela mostra sinais de ser uma "tween" (pré-adolescente)?
Geralmente quando meninos e meninas têm entre sete ou oito anos começam a receber estímulos dos adultos. São bombardeados pela tecnologia - não só celulares, mas também descobrem um novo universo ao navegar na rede.
Segundo Agatha Hencsey, psicoterapeuta cognitiva comportamental, não existe uma idade exata que determina quando a criança entra na fase da pré-adolescência, principalmente nos tempos de hoje, em que a tecnologia e o acesso às informações influência o comportamento dos jovens. "Mesmo irmãos gêmeos podem sofrer essa adaptação de fases em períodos diferentes. Cabe aos pais estarem atentos para saber o que e o quanto podem exigir dos seus filhos", diz.
Com uma oferta maior de interações e mesmo o acesso a vários meios de comunicação, seja através de celulares, redes sociais ou da própria televisão, é comum que essas crianças tenham um comportamento precoce, o que nem sempre significa que tenham amadurecido. "Os jovens de hoje pulam certas etapas do seu crescimento e acabam se tornando ‘adultos’ mais rápido. No entanto, esse crescimento é superficial, no momento em que suas atitudes e seus pensamentos ainda refletem uma infantilidade", comenta a psicóloga.
Na opinião da psicóloga Regina Elia, outra desvantagem do livre acesso às novas tecnologias e a entrada dessas crianças ou pré-adolescentes ao mundo adulto é a banalização dos valores, em um momento que eles ainda não tem a personalidade formada. E em grande parte das vezes, segundo Hencsey, programas de televisão, por exemplo, abordam temas como sexualidade, droga e violência, muito aquém do ideal para os jovens no período da pré-adolescência.
"Assim eles são instigados a procurar mais sobre os temas, seja com amigos, ou em diferentes meios de comunicação, e nem sempre são respondidos corretamente", destaca a psicoterapeuta. Criam uma sensação de intimidade com o mundo virtual, se esquecendo da família e do vínculo afetivo com pais e mães, ou até professores.
Ainda sobre essa questão, Regina destaca algo importante para muitos pais. Logo cedo, antes de se tornarem adolescentes, filhos estão aprendendo sobre sexualidade na internet, e não dentro de casa, através de uma conversa aberta com os pais. "O primeiro beijo, as mudanças do corpo e a descoberta da sexualidade devem vir acompanhados de valores de amor e respeito com o próprio corpo, vemos hoje a primeira relação sexual banalizada tal como o beijo". E nesse momento é que fica a dúvida de como tratar do assunto em casa, principalmente, qual postura assumir: mãe ou amiga?
"Os pais devem aproveitar cenas da TV, do cotidiano, das experiências negativas e colocar seus valores sobre o assunto. Mas para isso é preciso ser parceiro do filho e conseguir estabelecer uma intimidade", aponta a psicóloga. E não tomar atitudes radicais. No caso da internet permitir sim p acesso ao mundinho virtual, pois é através dele que os jovens conseguem firmar laços de amizade, mais ainda, buscam um grupo que mais combine com seus padrões de comportamento.
A diferença na hora de impor limites é que agora, como pré-adolescente, ele começará a questionar as ordens que serão dadas. Para os pais que convivem com esse conflito, Hencsey acrescenta que agora, com a chegada da pré-adolescência, é um bom momento para firmar ‘acordos’. "Através da conversa, pais e filhos devem chegar a um determinado ponto em comum, onde o jovem deverá entender e aceitar as conseqüências de suas atitudes. E quando não há o cumprimento das regras é necessário não apenas a punição, mas principalmente uma conversa". Desse jeito, conforme a psicoterapeuta, o jovem saberá compreender melhor o porquê do erro e encontrará um caminho para que ele não ocorra novamente.
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