quinta-feira, 30 de junho de 2011

Mentiras que os pais ajudam a criar


Dizer para a criança que mentir é feio ou, fazendo alusão ao desenho Pinóquio, cresce o nariz, são alguns dos argumentos usados pelos pais para impedir para seus filhos cometam este tipo de deslize. Mas e quando os próprios responsáveis praticam o erro, como ensinar os valores corretos?

Nem sempre o filho que vê os pais mentindo vai se tornar um adulto mentiroso, mas a psicóloga e pedagoga Penélope Ximenes, da Clínica Super Infância, lembra que a primeira forma de aprendizagem da criança é por meio da imitação.
Ela conta que as mentiras não são capazes de prejudicar o desenvolvimento das crianças, uma vez que o desenvolvimento é um processo contínuo e acontece nas mais variadas condições. "Mas a partir do momento em que ela começa a falar, já pode passar a externar as mentiras que são ouvidas no sentido de imitação do comportamento dos responsáveis. E se ela continuar a praticar este ato constantemente, vai aprender esse padrão de comportamento de mentira e achar que é normal", explica.
Não existem mentiras mais ou menos prejudiciais à criança. E se for necessário mentir, a psicóloga aconselha os pais a explicarem para os filhos porque adotaram este comportamento, sempre adequando a explicação a idade do ouvinte.
"Um exemplo típico de mentira é quando alguém liga em casa, muitas vezes de serviços de telemarketing ou bancos, e o adulto não quer atender. Então, na frente da criança ele pede para alguém dizer que não está ou muda a voz dizendo que é outra pessoa. Esta "pequena mentira" já pode ser o início de aprendizagem, por parte da criança, de um padrão de comportamento de mentir".
As mais diferentes reações podem acometer a criança que presencia as incoerências dos pais. Segundo Penélope, os menores vão dizer: ‘papai, você não está falando a verdade’ ou ‘mentir é feio’. "Muitos pais percebem o erro que cometeram, pedem desculpas e evitam mentir novamente na frente dos filhos. No entanto, alguns mentem tanto que a criança começa a chamá-los de mentirosos. Isso pode gerar um sentimento de desconfiança e angústia nos pequenos, porque os pais deixam de ser o ponto de referência e de segurança", alerta.
Penélope comenta que nenhum pai quer que os filhos omitam a verdade, principalmente em relação aos resultados de notas da escola e boletim, mas esquecem que o tempo todo os ensinam a mentir, muitas vezes por meio das chamadas "mentirinhas brancas".
"Eles devem entender que mentira é mentira não importa se é pequena ou grande ou se vai ou não prejudicar alguém. A criança não tem condições de discriminar o grau de inverdade. O que fica para o filho é que o pai tem uma tendência a não falar a verdade e a não assumir a responsabilidade por seus atos diante da vida", finaliza

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