sexta-feira, 6 de abril de 2012

Celebre a Páscoa


Simbologia da Páscoa
Por Linda Susan*


Em várias antigas culturas espalhadas no Mediterrâneo, no Leste Europeu e no Oriente, observamos que o uso do ovo como presente era algo bastante comum. Em geral, esse tipo de manifestação acontecia quando os fenômenos naturais anunciavam a chegada da primavera.

Na Grécia antiga, Perséfone era a deusa do mundo subterrâneo, que retornava à superfície toda a primavera, trazendo fartas colheitas, abundância para o mundo dos vivos.

Os fenícios tinham Astarte e os babilônios Ishtar, cuja lenda diz que nasceu de um ovo lançado no Eufrates. Além da fertilidade, Ishtar era guerreira. Tal como Esther, a rainha judia que salvou os hebreus de um governante persa que pretendia matá-los, como Moisés salvou seus irmãos dos egípcios. Se o Pessach lembra o feito de Moisés, a festa do Purim celebra a valentia de Esther. Ambas as festas celebram a sobrevivência, a luta pela vida

Não por acaso, vários desses ovos eram pintados com algumas gravuras que tentavam representar algum tipo de planta ou elemento natural. Em outras situações, o enfeite desse ovo festivo era feito através do cozimento deste junto a alguma erva ou raiz impregnada de algum corante natural. Atravessando a Antiguidade, este costume ainda se manteve vivo entre as populações pagãs que habitavam a Europa durante a Idade Média.

Nesse período, muitos desses povos realizavam rituais de adoração para Ostera ou Eostra, a deusa da fertilidade dos celtas, cujos símbolos eram o ovo e o coelho. O ovo indicava a promessa de vida e o coelho a fertilidade. O culto a Eostra foi adaptado quando alemães e anglo-saxões se converteram ao cristianismo. É por isso que, ao contrário de outras culturas européias, os ingleses e alemães dão o nome dessa deusa à maior data cristã. Eostra virou Easter em inglês e Ostern em alemão. Em suas representações mais comuns, observamos esta deusa pagã representada na figura de uma mulher que observava um coelho saltitante enquanto segurava um ovo nas mãos. Nesta imagem há a conjunção de três símbolos (a mulher, o ovo e o coelho), que reforçavam o ideal de fertilidade comemorado entre os pagãos.

A páscoa judaica foi introduzida pela obediência de Moisés ao Senhor. Contudo, mesmo sendo uma ordenança da velha aliança, era um tipo do sacrifício de Jesus; sujeita a todo simbolismo típico do judaísmo e do Velho Testamento. A noite que antecedeu a libertação dos filhos de Israel do Egito foi marcada pela instituição da Páscoa no Velho Testamento, Êxodo 11.

Quando Jesus foi crucificado, chegou o fim da velha aliança, o pacto da lei para entrar em vigor a nova aliança, o pacto da graça. Na nova aliança já não há mais lugar para o simbolismo, porque o antitipo cedeu lugar ao tipo. O cordeiro pascal da velha aliança é o antitipo de Jesus. O antitipo representou Jesus, o tipo, na páscoa das gerações sucessivas a Moisés e o povo que saiu do Egito.

Agora há um novo cordeiro pascal, substitutivo, sem mácula; não para a libertação dos primogênitos israelitas do anjo da morte, mas para a libertação dos primogênitos do SENHOR, na Nova Aliança, os seus eleitos, do império do pecado. Só o sangue de Jesus pode livrar da morte eterna os primogênitos do SENHOR.

Senhor Jesus, na celebração da última páscoa com seus discípulos, antes da sua crucificação, conforme os relatos do historiador Lucas, declarou a si próprio como o Cordeiro de Deus: E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós. Lc 22. 19 – 20.

A entrada destes símbolos para o conjunto de festividades cristãs aconteceu com a organização do Concilio de Niceia, em 325 d.C.. Neste período, os clérigos tinham a expressa preocupação de ampliar o seu número de fiéis por meio da adaptação de algumas antigas tradições e símbolos religiosos a outros eventos relacionados ao ideário cristão. A partir de então, observaríamos a pintura de vários ovos com imagens de Jesus Cristo e sua mãe, Maria.

No auge do período medieval, nobres e reis de condição mais abastada costumavam comemorar a Páscoa presenteando os seus com o uso de ovos feitos de ouro e cravejados de pedras preciosas. Até que chegássemos ao famoso (e bem mais acessível!) ovo de chocolate, foi necessário o desenvolvimento da culinária e, antes disso, a descoberta do continente americano.

Ao entrarem em contato com os maias e astecas, os espanhóis foram responsáveis pela divulgação desse alimento sagrado no Velho Mundo. Somente duzentos anos mais tarde, os Chefs franceses tiveram a idéia de fabricar os primeiros ovos de chocolate da História. Depois disso, a energia desse calórico extrato retirado da semente do cacau também reforçou o ideal de renovação sistematicamente difundido nessa época.

O vinho, outro elemento da páscoa, pode harmonizar-se com o chocolate. Recomenda-se o uso do chocolate amargo ou meio amargo, com o vinho tinto suave para realçar o sabor dos dois. A degustação ideal é mordiscar o chocolate e beber o vinho em pequenos goles, permitindo que o calor da bebida aqueça o chocolate, o qual, derretendo-se na boca, tem o sabor acentuado, como também o do vinho. Desta form,a o sabor permanece mais tempo na boca prolongando a sensação de prazer. Nutricionalmente, temos dois produtos que atuam, se usados com moderação, na promoção da saúde cardiovascular.

Então sem culpa, seja feliz, celebre a páscoa, que representa, tanto na judaica como na cristã, a passagem da escravidão para liberdade.

Fontes: Equipe Brasil Escola, http://www.bolsademulher.com e http://presbiterianos.ning.com

*Linda Susan possui graduação em Nutrição e mestrado em Ciências dos Alimentos pela Universidade Federal da Paraíba. É consultora do PAS/Mesa. Atuou de 2004 a 2009 na Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba, no qual ministrou as disciplinas Nutrição e Gastronomia e Marketing em Alimentos e Nutrição, no Curso de Nutrição. Na Universidade da Terceitra Idade-UNITI, ministrou a disciplina Nutrição e Longevidade. Tem vasta experiência na área de Nutrição, com ênfase em Nutrição e Gastronomia, atuando principalmente nos seguintes temas: gastronomia, turismo gastronômico, gastronomia paraibana, cultura e turismo. Atualmente é professora da Escola de Nutrição da UFBA, ministrando os componentes curriculares Prática Clínica Ambulatorial e Dietoterapia II (Prática Hospitalar), além de orientação na aréa de nutrição clínica e Trabalho de Conclusão de Curso no curso de Gastronomia.

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