sábado, 19 de novembro de 2011

Pânico

“Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”. (I João 4:18)

“Senti o coração disparado; uma sensação de perda de controle como se eu fosse desmaiar, morrer ou ficar louco!”. Esse é o relato que, normalmente, se ouve de alguém que passou por um ataque de pânico.

De acordo com a descrição clínica do CID-10 (Código Internacional de Doenças: F41.0), nos transtornos de pânico, “os aspectos essenciais são ataques recorrentes de ansiedade grave, os quais não estão restritos a qualquer situação ou conjunto de circunstâncias em particular e que são, portanto, imprevisíveis”.
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, porém com início súbito de palpitações, dor no peito, sensações de choque, tontura, medo de morrer… Os ataques duram, usualmente, apenas alguns minutos o que resulta numa saída do indivíduo apressada de onde quer que esteja.
Se isso ocorre num ônibus ou multidão, o indivíduo pode, como conseqüência, evitar aquela situação. Um ataque de pânico é seguido com frequência por um medo persistente de ter outro ataque. Por causa dos sintomas, ele pode ser confundido com alguma doença do coração e, muitas vezes, a pessoa passa por uma série de exames sem encontrar absolutamente nada.
O transtorno do pânico é um problema sério, já que atinge de 2 a 4% da população; na maioria mulheres.
Segundo algumas teorias, o sistema de alerta do organismo (um conjunto de mecanismos físicos e mentais com que uma pessoa reage a uma ameaça) pode ser desencadeado na crise do pânico sem nenhum perigo iminente. O cérebro produz neurotransmissores que são responsáveis pela comunicação entre os neurônios e essas comunicações determinam todas as nossas atividades físicas. No entanto, na crise do pânico, há um desequilíbrio na produção dos neurotransmissores, levando informações incorretas e deixando o organismo alerta para uma ameaça que, na verdade, não existe.
O primeiro acontecimento pode ser num elevador, dirigindo, num ambiente fechado, etc… Depois dessa primeira crise, surge um medo irracional (fobia) e, gradativamente, o nível de ansiedade e o medo de uma nova crise pode chegar a uma proporção tal que a pessoa passa a evitar a situação que originou tal crise, como evitar a dirigir, evitar elevadores, ou mesmo sair de casa.
Há ainda um perfil semelhante entre as pessoas que sofrem desse transtorno: são perfeccionistas, exigentes consigo mesmas, muito produtivas profissionalmente, assumindo uma carga excessiva de responsabilidade, possuem uma grande necessidade de estarem no controle das coisas e grande necessidade de aprovação, não aceitando com facilidade seus erros.
Portanto, temos aqui características físicas e mentais e esses mecanismos físicos e mentais poderiam ser os fatores desencadeantes. Dessa forma, o tratamento também necessita tanto da medicação como do acompanhamento terapêutico. A combinação da psicoterapia e da medicação produz bons resultados num espaço curto de tempo, trazendo alívio entre 70 a 90% para as pessoas.
É importante observar que esse tipo de transtorno deve ser encarado com seriedade e não considerado como “fricote” ou exagero da pessoa que passa por isso. Por seriedade, consideramos que a pessoa deva ser medicada adequadamente. Palavras como: “Isso não é nada de grave…” ou “Isso passa…”, não traz benefício algum à pessoa que sofre desse transtorno. Muito pelo contrário, só aumenta sua ansiedade abrindo espaço a uma nova crise e retardando seu tratamento que deveria ser imediato.

Artigo publicado originalmente no site PapoNosso : Pânico

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