terça-feira, 22 de maio de 2012


A educação financeira dos filhos

Aprenda como orientar seu filho a administrar bem as finanças pessoais com a introdução de atividades como a mesada.


Incentive a criança a poupar para adquirir coisas importantes

A exposição excessiva das crianças ao fantástico mundo do consumo tem deixado muitos pais perdidos quando o assunto é educação financeira. Dar tudo que a criança quer ou privá-la de alguns desejos? Propor trocas do tipo ‘se tirar boa nota, ganha’ ou dar mesada sem cobrança? E qual é a idade certa para falar sobre o tema?

Segundo Silvia Alambert, educadora financeira e diretora executiva da The Money Camp Brasil, empresa especializada em educação financeira de crianças e jovens, há muitas maneiras de se abordar o assunto, e os pais precisam entender que esse é um aprendizado que precisa evoluir no mesmo ritmo de crescimento do filho. “Tão logo a criança comece a pedir por ‘coisas’, por exemplo, doces, balas, é importante que os pais já comecem a permitir que a criança toque o dinheiro e “sinta” o dinheiro. Desta forma, ela começará a perceber que o dinheiro é acessível”, explica Silvia Alambert.

A partir dos 5 ou 6 anos, a criança começa a entender o significado do dinheiro e o valor de ‘troca’ que está implícito em seu uso. Nessa idade, ela pode participar de conversas sobre como planejar gastos e fazer escolhas de consumo. “Os pais precisam criar oportunidades para iniciar uma conversa aberta e descontraída com relação ao dinheiro. Perguntas como ‘Por que você acha que o dinheiro é importante?’ ou ‘Você sabe de onde vem o dinheiro?’, permitirão que os pais tenham um norte sobre como seus filhos vêem o dinheiro e comecem a ensiná-los sobre finanças”, orienta.

Este também é o momento para introduzir a mesada. Primeiro passo para que a criança possa administrar o seu próprio dinheiro. “Sem dúvida, a mesada é a principal ferramenta na educação financeira de crianças e jovens. Ela permite que o jovem comece a ter uma percepção com relação ao tempo que ele poderá durar ou idéias para fazê-lo multiplicar – com relação às coisas que são realmente importantes, e a disciplina necessária para que entenda que o dinheiro é apenas um meio para se alcançar sonhos”, destaca a educadora.

Para orientar os pais sobre as regras básicas de como utilizar a mesada para ensinar finanças pessoais aos filhos, Silvia Alambert dá as dicas:

Quanto dar? “O valor da mesada deve ser estipulado de acordo com o poder aquisitivo da família. A partir dos 5 anos a criança já poderá receber uma semanada. Algo em torno de R$ 5,00. Quanto ao valor, os pais devem ter em mente que nunca deverá ser tão alto a ponto da criança nem precisar se planejar para conquistar o que sonha e nem tão baixo a ponto dela se sentir excluída de seu grupo social.”

Com que freqüência? “A percepção de tempo é diferente para a criança. No início, a mesada deve ser semanal. Conforme vá atingindo maturidade e responsabilidade com seu dinheiro, por volta dos 9/10 anos, já poderá começar a recebê-lo mensalmente. E para que a aprendizagem se torne válida, é preciso que os pais cumpram a regra de pagar a mesada na data combinada.”

E quando a mesada acaba antes do fim do mês? “De forma alguma os pais devem estimular as crianças a serem gastonas ou levá-las a pensar que quando o dinheiro acaba é só recorrer ao empréstimo no ‘Banco do Papai’. Desta forma, estarão incentivando a formação de adultos que correrão o risco de viverem endividados. A regra aqui é ‘Se você não tem dinheiro para comprar à vista, é porque você não tem dinheiro.’ A não ser que os pais orientem sobre juros compostos e quanto isto custará para a criança no final, bem como quanto será descontado da próxima mesada. Mas jamais deveriam incentivar o endividamento.”

Pode-se associar a mesada a metas a cumprir, como tirar boas notas ou fazer tarefas domésticas? “Premiar por boas notas é desestimular o conhecimento, deseducar. Os pais já pagam um preço alto pela educação de seus filhos e é o que podem oferecer para que eles tenham uma boa formação e orientação educacional para que construam seu próprio futuro. Boa nota significa que a criança absorveu o conhecimento e se esforçou para chegar lá. Dinheiro não tem nada a ver com boas notas. Ou alguém lhe dá dinheiro quando seu extrato bancário, o seu boletim da vida adulta, fica no azul?”

E a evolução do aprendizado? Sem ser tirano sugira que ela poupe parte do dinheiro para adquirir algo que deseja. Um pequeno cofre e uma meta de curto prazo, seis meses ou um ano, é válida. Ao comprar o que deseja a criança se sentirá vitoriosa. “Guardar dinheiro por guardar significa apenas acumular e nisso não há emoção alguma. Emoção é poder sonhar, planejar e criar a disciplina necessária para se alcançar o que se deseja na vida. Guardar parte do que se recebe é a regra #1 da educação financeira”, elege Silvia Alambert.
Quer mais informações sobre o assunto? 

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